Pensacola a Cuba

Meus últimos dias em Pensacola foram bem agradáveis. Na quinta-feira, outra Couchsurfer entrou em contato e convidou meu anfitrião e eu para um local onde dançam Line Dance. Isso me lembrou de um lugar que costumávamos ir na Califórnia chamado Branding Iron. Dançamos algumas vezes e depois tivemos ótimas conversas sobre tudo, de política a religião. Ela me deixou em casa e, no dia seguinte, comecei a encerrar as coisas para minha viagem a Tampa no sábado. Fiquei feliz que, apesar de alguma incerteza inicial, consegui conhecer um casal que é amigo próximo de alguém que conheço de Boulder. O marido é brasileiro. Andamos um pouco pela histórica Pensacola, compartilhamos algumas histórias e tomamos café da manhã antes que me deixassem no aeroporto.

Cheguei em Tampa, peguei o carro alugado e fui até meus anfitriões do Couchsurfing, um casal muito generoso e atencioso. Cheguei mais tarde naquela noite e, eu comi um sanduíche delicioso de uma recomendação dele, conversamos um pouco, e fui dormir. No dia seguinte, ele me convidou para acompanhá-lo em sua caminhada com seu cachorro pelo bairro. Acabamos caminhando por quase três horas, por toda a cidade. Foi um passeio muito bom. Aprendi sobre a transformação que a área tinha visto na última década — de prédios abandonados a apartamentos de luxo e uma orla chique. Eles também foram as primeiras pessoas que foram uma parte importante em me ajudar a adquirir suprimentos médicos para levar para Corazón con Cuba. Inesperadamente, não só recebi uma mala da qual eles iam doar, mas também enchemos com itens de medicamentos que ela havia guardado de seu trabalho no pronto-socorro. Ela os estava guardando na esperança de encontrar um uso, e este não poderia ter sido um resultado melhor. Como eu tinha o carro, tirei um dia para viajar um pouco e ver algumas de suas recomendações. Dirigi até o Fort De Soto Park e dei uma olhada na praia e no forte, depois no caminho de volta parei em St Petersburg para almoçar e caminhei pelo píer. Nossa última noite, nos divertimos muito no histórico Ybor. No dia seguinte, seguimos em caminhos diferentes: eles partiram para uma viagem, e eu segui para passar uma última noite nos EUA em uma casa diferente do Couchsurfing.

A segunda pessoa que foi fundamental para o meu objetivo de levar medicamento entrou em contato semanas antes da minha chegada e se esforçou ao máximo para me ajudar a reunir suprimentos médicos. Sem eu pedir nada. Quando cheguei, ela já havia adquirido uma mala e muitos suprimentos do seu grupo Buy Nothing e de outras fontes — tudo barato ou de graça. Um dia antes de ficar na casa dela, embarcamos em um plano bem organizado que ela montou para visitar alguns lugares, incluindo ir a uma venda na igreja e visitar alguns brechós. O destaque foi a venda semanal na igreja, onde eles colocam todos os tipos de doações, e você pode pegar o que quiser e pagar o que achar justo. Encontrei várias coisas, e tudo custou menos de um dólar. Depois de uma manhã produtiva, fizemos alguns passeios turísticos. Ela me levou a uma área famosa de produção de esponjas do mar. Ela me mostrou algumas coisas meio escondidas, como um filme antigo sobre como a indústria de esponjas na área surgiu. Isso foi seguido por um delicioso almoço grego no Restaurante Hellas antes de encerrarmos o dia. No dia seguinte, fizemos um pouco mais de turismo, acompanhados pelo neto dela, e pude vivenciar um pouco da vida cotidiana dela. Na manhã seguinte, acordei cedo, nos despedimos e fui para o aeroporto. Sua hospitalidade e generosidade são raras e verdadeiramente inspiradoras.

Ao chegar em Cuba, deixei os suprimentos médicos e conheci pessoalmente a organizadora do Corazón con Cuba pela primeira vez. Ela mencionou alguns eventos em que eu poderia ajudar, mas acabaram cendo cancelados, o que ela disse que não é incomum. Ela leva uma vida muito ocupada — estuda para se tornar médica, enquanto também gerencia e organiza a distribuição de suprimentos em sua casa (já que o depósito que eles costumavam ter não está mais em boas condições). É tudo muito admirável. Após a entrega, fui para o Hostel Red, onde conheci os donos, uma família calorosa e acolhedora cuja hospitalidade me fez sentir em casa desde o momento em que cheguei. O marido me recebeu com um delicioso suco de manga e compartilhamos algumas histórias. No dia seguinte, sua esposa fez um café da manhã maravilhoso com abacate, plátanos e uma salada. Desde então, tive muitas conversas com eles e aprendi muito. No dia em que cheguei, também fui convidado por um membro do Couchsurfing para uma festa de aniversário de outro surfista. Foi uma reunião divertida com música ao vivo e vários outros Couchsurfers. Nos dias seguintes, caminhei e usei vários meios de transporte pela cidade, fui à praia, conheci mais couchsurfers e visitei o Centro Fidel Castro Rui.

Durante minha estadia, senti uma sensação incomparável de segurança e comunidade, diferente de qualquer outro lugar em que estive. Andei pela cidade em vários horários, e as pessoas aqui são realmente especiais. Sua resiliência, combinada com o sistema que o governo colocou em prática, parece ser o que lhes permitiu sobreviver e suportar sanções externas. Eu constantemente me pergunto o que eles poderiam realizar se o embargo e outras limitações fossem retiradas. Dito isso, como todos os governos, este não está isento de falhas. Porém, não é difícil imaginar o quanto as coisas seriam mais desafiadoras para qualquer país que enfrentasse o mesmo nível de restrições ao longo de tantos anos.